domingo, 26 de junho de 2011

Fichamento Quem Educa

Quem educa marca o corpo do outro

Sobre aprender a escutar

“Quando o umbigo se fecha, a boca se abre"

"(...) pelo fascínio e espanto que senti ao saber que é pela voz que nosso corpo descobre e confirma que não é mais extensão do corpo do outro. Ou seja, nosso corpo é simbolizado pela voz dos nossos pais. Dessa forma, somos marcados desde cedo pela força da palavra, que nos introduz no mundo dos significados."

"De certa forma, acredito que a escuta se tornou algo de prazeroso e importante na minha vida de educadora por ter sido significada pela voz de acalanto do meu pai. Aprendi a significar a gostosura que era me sentir amada, naqueles momentos, ao sentir que ele dedicava seu tempo a mim."

"Fui iniciada também no ato da escuta por minha mãe; cedo ela me pôs nas malhas, nos fios, do possível texto do outro. Já pequena eu me exercitava nos enredos das redes de significados que me invadiam e, de certa forma, eu me via levada a sempre significá-los."

"Sensação estranha? Sim, talvez, mas gostosa de ser vivida. Foi assim que o aprendizado do ato de escutar entrou na minha vida, fazendo parte da minha história e de minha forma de estar no mundo."

"O ato de escutar (...), uma das primeiras posturas pedagógicas que trabalho com o educador no seu processo de formação."

“Se quisermos escutar o que o outro tem a dizer, temos de estar com nosso corpo "vazio" para poder recebê-lo e, dessa forma, ser depositário da sua fala. "Corpo cheio" é corpo sem espaço para o outro; o outro sobra, está a mais."

"Portanto, para que nossa intervenção crie forma no corpo do educando, é preciso que exista um saber não só sobre sua história de vida, como também sobre seu aqui-e-agora que está a viver. É preciso que exista um estar com o outro."

"Sem escuta não existe diálogo. O diálogo requer troca, requer espaço interno, curiosidade amorosa e disponibilidade para o outro. Não sei bem porque, no entanto sempre associo um corpo dialógico a um corpo generoso e com mobilidade."

"A escuta é tão importante quanto à fala, porque ambas, quando bem equilibradas, possibilitam o aprendizado do silêncio.(...) Sem a experiência do silêncio, fica difícil percebermos a importância e a necessidade do momento da fala quando estamos educando."

"Brincando comigo mesma, acho que o gostoso mesmo seria se pudéssemos juntar esses dois impérios, o da fala e dos sentidos, para possibilitar, a todos a quem queremos educar, a delícia do aprender a falar e do aprender a expressar seu sentir."

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