segunda-feira, 27 de junho de 2011

DATA DA AULA 27/06




Abertura:
Zemir Altik
Samoth

Escuta Sensível,
Refletimos sobre as aulas, com uma avaliação do curso!
Comunicação Portfólio Avanço Fórum dos textos
Se expressar de alguma forma!
"Estou feliz por estarem sendo tocados dessa forma." Enny

Me sinto sim tocado, modificado, unificado, amplo!

A beleza está impregnada em cada coisa, a estética é moduladora de emoção, quando um texto o emociona você está mais apto a aprender algo.

Sempre estamos aprendendo e devemos estar abertos para esse aprendizado eterno e motivador. Faz parte da complexidade da vida.


Demônio de La Place, tem todas as coordenadas do mundo, figura matemática inadequada, pois a realidade sempre está como uma espiral e a conta nunca é exata!






Ensinar a incerteza.

domingo, 26 de junho de 2011

Entrevista

Quem?

Entrevistei meu antigo professor de instrumento que está ligado à educação musical, tanto em aulas individuais como coletivas, há mais de dez anos.

Onde? Quando?

A entrevista ocorreu em sua sala de aula no conservatório onde trabalha, sem a presença de mais ninguém, em uma hora marcada somente para isso.

O Quê?

A priori me atei em sua relação com o corpo na educação.

Registro: Selecionei algumas questões, as quais julguei mais pertinentes para utilizar naquela situação, vou transcrever parte da entrevista:

Pergunta: Qual relação você percebe entre o corpo e a música?

Resposta: Total relação. Primeiro, a música é sensação. Além de escutar os sons, sentir as ressonâncias, a vibração, tanto a voz ou instrumento, é o corpo que executa. No canto a ligação ainda é maior, pois você é o instrumento e o instrumentista.

Minha Observação: "Concordo com a total relação e ainda acredito que esta relação de execução deveria ser tão forte nos outros instrumentistas quanto é para o cantor."

Pergunta: Na educação musical, como essa relação deve ser trabalhada?

Resposta: Devemos sensibilizar o aluno sobre essa relação entre o corpo e a música, levá-lo a sentir essa proximidade, principalmente na execução da coisa. A maneira que essa relação é feita é pessoal. Levando o aluno a buscar sensações no próprio corpo. Nós somos facilitadores dessas descobertas.

Pergunta: De que forma você acha que o formato da aula de música dentro da escola atua na relação corpo/música?

Resposta: Existem várias áreas de atuação ajudando a acalmar e sensibilizar os alunos, no pensamento lógico matemático e conhecimento físico do aluno. Principalmente no canto, onde ele aprende ressonâncias e várias maneiras de utilizar a sua voz.

Pergunta: Como você percebe seu corpo na sua aula de música?

Resposta: O meu corpo é um instrumento, me sinto um instrumento e ele funciona da mesma forma. Na parte respiratória como uma gaita de fole, um trompete na parte da laringe e na execução como um violino, com mais canção e menos força.

Minha observação: “Além dessa parte fisiológica, percebo o meu corpo na parte expressiva.Tentando não repreender nenhuma tentativa de execução, não reprovar seus esforços, mesmo que gestuais.”

Pergunta: Durante uma performance musical, como você procura manter o seu corpo para uma boa execução?

Resposta: “No meu caso, onde meu instrumento é o canto as questões que mais me preocupam , que requerem atenção, são: as da saúde do corpo, da execução, do conhecer meus limites, de usar um tom confortável e principalmente quando estou cansado- o que fazer.

A questão emotiva é mais preocupante para mim, tento controlá-la através da técnica, tendo muita consciência do meu instrumento, mas o que mais me ajuda é quando consigo me enxergar como personagem naquela situação, respeitando a minha personalidade.

Minha observação: “Acredito na ideia do personagem, como também na ideia de coreografia, de exploração de movimentação, criando um repertório extenso de possibilidades e escolhas coreográficas pré-definidas.”

Pergunta: Quais os benefícios e/ou malefícios desta atitude corporal?

Resposta: Na minha atuação, o grande malefício é minha defasagem de repertório gestual.

Minha Observação: “Como dizia, esse repertório é criado de diversas maneiras, mas a principal é a experimentação que busco de maneira diária com meus alunos, para que eles partam de si, se conheceram e, assim, possibilitando coisas bem executadas, pessoais e únicas.”

Pergunta: Quais as vantagens e desvantagens da "postura erudita"?

Resposta: A postura erudita tem como desvantagem o engessamento. Tem que haver uma adaptação, principalmente no canto, isso requer um grande trabalho, tanto vocal quanto interpretativo, ao mesmo tempo é melhor do que fazer mal para seu corpo, principalmente de maneira intrínseca.

Minha observação: “A postura erudita tem que ser aprendida, mas na minha opinião não deve ser executada durante a prática. Devemos buscar a adaptação do ideal em cada movimento ou gesto, não podemos dançar durante a prática ou mudarmos de qualidade postural, assim, enquadrando nossa expressividade a poucas possibilidades.”

Pergunta:Qual foi a adaptação feita na sua postura para tocar enquanto dá aula?

Resposta:A minha maior adaptação foi a cadeira com rodas, o que possibilitou me movimentar, tocando com o corpo reto para o instrumento ou tocando de lado.

Pergunta: Você indica alguma postura aos seus alunos?

Resposta: Sim , a postura erudita desde que eles sigam as orientações.

Minha observação: “ Começo do ideal erudito, mas sempre vou pela música e seu significado para o próprio aluno. Como é esse corpo? O que significa para você? Qual movimento surge através desse sentimento? Como podemos usá-lo?...”

Pergunta: Que importância você atribui ao gestual na prática musical, seja no lecionar ou na performance?

Resposta: O gestual é de extrema importância, mas considero de grande dificuldade, devido a falta de repertório de movimentações, principalmente porque toco e canto ao mesmo tempo, o que às vezes impossibilita minha atenção em outros fatores, como no gesto musical.

Minha observação: “O gestual é o princípio da música, sem ele não haveria nada, nem uma nota, nem uma diferente dinâmica ou diferentes nuances. Sem o gesto não há música!”

Conclusões

A entrevista foi surpreendente por diversos motivos, pois trouxe uma inquietação para o entrevistado e muitas conscientizações para mim. Acreditava que ele não tinha esse tipo de preocupação, mas senti que a tem, mesmo que seja de maneira superficial com muitas dúvidas, pude compartilhar muitas experiências que nunca tínhamos compartilhado e conhecimentos e troca de conhecimentos.

No meio da entrevista ele se desarmou falando: Será que vou conseguir responder suas questões?

Eu disse: Responda a realidade, sem conclusões, pois nada é conclusivo, tudo é cíclico.

Considero que o estudo nunca acaba e sempre temos possibilidades de aprender mais. Concluí que ele também tem esse conceito. A frase que ele disse que mais contribuiu para mim e que não tinha nem relação direta com a entrevista, foi:

Aprendemos mais dando aulas do que fazendo!

Essa é a mais pura verdade, a qual sinto cada dia, em cada tentativa de ensinamento em cada fagulha de um novo conhecimento.

Fichamento Dança Como Lingagem

Dança como Linguagem

Texto extraído da Dissertação de Mestrado de Melina Fernandes Sanchez/Programa de Pós-Graduação em Educação da UFSCar/2009

Laban e Coreologia

“Uma abordagem de observação e análise de movimento, denominada por ele de Coreologia, que significa ciência ou lógica da dança"

“Com base em Laban, Preston-Dunlop apud Marques (2006) desenvolveu um estudo coreológico da dança que engloba o estudo do dançarino, o estudo do som, do espaço geral e do movimento. Juntos, coordenados e articulados, estes elementos constroem a dança."

A Estrela do Movimento:


A Estrela favorece a visualização dos cinco componentes do movimento que se articulam. São eles:

"Corpo: responde à pergunta (...) o que se move?Refere-se ao corpo como um todo e às suas articulações"

"Ações Corporais: responde à pergunta(...) Qual o movimento?"

"Espaço: responde à pergunta(...) onde se move? Refere-se às maneiras como se dá a utilização do espaço"

"Dinâmicas (ou Expressividade):responde à pergunta (...) como se move?"

“Relacionamentos: responde à pergunta (...) com quem se move? Engloba as relações do corpo consigo mesmo e/ou com outros corpos,(...)”

Living Architecture - extract

Contribuições


Quais as suas contribuições desse conhecimento para sua atuação como educador musical?

Realmente houveram contribuições para minha atuação como educador musical. Tinha esquecido dessa união da música e o corpo, dessa necessidade de coexistência entre as duas.

Voltei a usar esses conhecimentos corporais em minhas aulas com um leve aquecimento, uma mudança de estado!
O despertar dos Sentidos

E, também na interpretação das músicas criando novos movimentos, internos e externos, que influenciam diretamente na execução e como isso afeta o espectador, como modifica sua maneira de observar a produção.

O foco, olhar do aluno enquanto executa a música, a escolha de direção deve ser feita.
Para onde olhar? O que quero passar? Como passo isso?

Me tocou,
Me fundiu novamente,
Me lembrou,


Estava fragmentado, posso usar os meus conhecimentos de diferentes áreas para tentar educar por completo. Criar um ser complexo, um ser multidimensional.

Relatos e Reflexôes

As aulas foram antes de tudo uma grande retomada, uma redescoberta. Através dos trabalhos, como do espreguiçamento e do acordamento esquelético, pude relembrar o que é o corpo, reenergizá-lo. Principalmente depois de tanto enfoque teórico. Despertaram em mim meus antigos trabalhos com Eutonia, Improvisação, Coreografias.


A exploração de movimentos das articulações, o deslocamento pelo espaço conduzido pela articulação, o jogo de improvisação em dupla usando os fios, continuou, por se tratar de um trabalho sem fim, minha eterna construção de repertório de movimentos.

Fizemos também o exercício da estátua (deslocamento por espaço quando a música para, evidenciando uma articulação) do apoio na dupla, coreografias, apresentações, as seis vértices, oito faces (frente e atrás, direita, esquerda, em cima, em baixo), retas e curvas, a cinesfera (Espaço Geral e Espaço Pessoal), pegar o movimento do outro e, através da qualidade mais significativa transformar em outro movimento, a partir do movimento criar uma foto, jogo de improvisação em duplas, diálogo corporal: movimento X forma, aquecimento com velocidades, andar com o tempo sustentado/prolongado, acelerado e desacelerado. Todos os exercícios que contribuíram para esse refinamento das minhas possibilidades de motricidade. Além dos trabalhos que mais me marcaram que foram:

" e se....."
Do que vou chamar como: FOCO

Olho e vou em direção ao outro e modifico o movimento. Olhar em afinidade com a direção que vou, movimentos que demonstram essas direções no espaço. Os quais me lembraram o quanto o outro se influencia pelo que vê, ou o que passo. Comecei a prestar atenção nisso e na minha postura social e corporal, modificando-a perante necessidades diferentes.

E a: TENSÃO ESPACIAL

Tensão espacial (preencher ou perfurar). A tensão espacial criada com o estreitamento do túnel. Atravessar, perfurar com som o túnel, preencher essa tensão encaixar, encaixe coletivo, amarrar com encaixamento. O preenchimento do espaço, como criamos imagens significativas no palco ou na vida, ao criar certas tensões espaciais.


Fichamento A música, o corpo e as Máquinas

A música, o corpo e as máquinas

Fernando Iazzetta

"(..) os sons utilizados na música eram fruto de um mesmo tipo de processo mecânico.Os instrumentos musicais (...) apesar de suas formas variadas, baseavam-se de um mesmo princípio de produção sonora.(...) até o século passado todo som era proveniente de algum material elástico (..) que gerava ondas que se propagam pelo ar até atingirem o sistema auditivo do ouvinte. Entretanto, o surgimento de novas tecnologias baseadas na eletricidade e o uso de sinais eletromagnéticos abriram a possibilidade da geração de sons sem a utilização de instrumentos mecânicos."

"Durante milênios as pessoas aprenderam a ouvir sons que guardavam relações estreitas com os corpos que os produziam."

Música Mecanizada

"(...) a música é produzida primordialmente para ser ouvida e não para ser tocada, e os processos de composição e interpretação passam a ser os meios pelos quais isso se realiza.(...) . A meta daqueles sistemas de reprodução musical passou a ser definida pelo termo fidelidade.(...) O termo fidelidade - cuja sua existência pressupõe uma relação de igualdade ou semelhança com algo- é ainda utilizado, especialmente na indústria fonográfica e de áudio, mas seu significado tornou-se mais reflexivo e inconsistente: a fidelidade de uma reprodução não é estabelecida pela comparação com seu original, mas em relação ao padrão imposto pela própria tecnologia de gravação."

"A mecanização da música significa, na verdade, um aumento no número de intermediários entre o produtor de música e o ouvinte, sozinha, possibilitou o desenvolvimento de aparelhos como o fonógrafo e o rádio"

O gesto musical

“Embora presente de diversas maneiras no processo musical, a questão do gesto só muito recentemente, passa a receber alguma atenção dentro da musicologia. Gesto é entendido aqui não apenas como movimento, mas como movimento capaz de expressar algo."

"Assim, digitar algumas linhas de texto em um teclado de computador não tem nada de gestual, uma vez que o movimento de apertar cada tecla não possui significado algum. (...) A situação é, porém, completamente diferente no caso de um músico executando uma peça no teclado de um piano: o resultado final, a performance musical, depende, em vários aspectos, dos gestos do instrumentista."

"Em tais instrumentos, movimentos mínimos do corpo do intérprete são traduzidos em sons de maneira a permitir que um interprete se utilize de uma vasta gama de qualidade emotivas no som musical."

"Para a música não é apenas o gesto físico que é importante. A categoria dos gestos mentais esta intimamente ligada aos processos de composição, interpretação e audição. Os gestos mentais fazem referência aos gestos físicos e suas relações causais, ocorrendo na forma de uma imagem ou idéia de um outro gesto."

Do gesto instrumental à Acusmática

"Conhecer música implica, geralmente, em tocar um instrumento. Mesmo o aprendizado de composição ocorria usualmente após uma razoável prática instrumental (...) esse conhecimento vem antes atado ao corpo, do instrumento e do instrumentista, é moldado pela teia de relações estabelecidas entre músculos, nervos e a matéria vibrante que compõe essas fontes sonoras. (...) Com o surgimento das tecnologias eletrônicas e digitais, entretanto, esse conhecimento pode derivar de experiências praticamente restritas ao domínio mental, descorporificadas,(...)".

“Ao desviar o foco do gesto instrumental para a atitude acusmática, onde se ouve o som sem que se identifique a fonte, a música eletroacústica tende a perder a dramaticidade gerada pela presença do intérprete com sua gestualidade."

"Computadores e instrumentos digitais desestruturam a relação casual entre o gesto e o som."

A Luteria eletrônica

"Compor uma obra musical e criar um programa de computador são duas tarefas bastante diferentes, mas ligadas por um mesmo caráter de sedução. Em ambos os casos, o compositor ou o programador encontram-se imersos na busca de soluções para uma determinada classe de problemas. Essa busca envolve uma reflexão, por vezes profunda, sobre esses problemas, sobre questões de representação, sobre o contexto onde esses problemas se inserem.(...)"

"(...) Não se pode deixar de notar, também, que o trabalho solitário do compositor em seu laboratório digital, tentando penetrar cada vez mais na natureza dessas máquinas de produzir som, é muito semelhante ao relacionamento intenso e por vezes árduo do instrumentista com seu instrumento, (...)"

“Nessa aproximação entre música e tecnologia que assistimos neste século, torna-se muito fácil confundir a experiência estética dos processos, de criação com a estética daquilo que emerge desses processos o que acabaria por permitir que se justificassem obras musicais por meio de elegantes algoritmos ou eficientes métodos de programação."

“O desafio imposto para na criação desses sistemas musicais interativos está na reconciliação entre a corporalidade que sempre esteve ligada a musica e a imaterialidade das estruturas sonoras que as novas tecnologias musicais vêm tornando disponíveis."

Fichamento Quem Educa

Quem educa marca o corpo do outro

Sobre aprender a escutar

“Quando o umbigo se fecha, a boca se abre"

"(...) pelo fascínio e espanto que senti ao saber que é pela voz que nosso corpo descobre e confirma que não é mais extensão do corpo do outro. Ou seja, nosso corpo é simbolizado pela voz dos nossos pais. Dessa forma, somos marcados desde cedo pela força da palavra, que nos introduz no mundo dos significados."

"De certa forma, acredito que a escuta se tornou algo de prazeroso e importante na minha vida de educadora por ter sido significada pela voz de acalanto do meu pai. Aprendi a significar a gostosura que era me sentir amada, naqueles momentos, ao sentir que ele dedicava seu tempo a mim."

"Fui iniciada também no ato da escuta por minha mãe; cedo ela me pôs nas malhas, nos fios, do possível texto do outro. Já pequena eu me exercitava nos enredos das redes de significados que me invadiam e, de certa forma, eu me via levada a sempre significá-los."

"Sensação estranha? Sim, talvez, mas gostosa de ser vivida. Foi assim que o aprendizado do ato de escutar entrou na minha vida, fazendo parte da minha história e de minha forma de estar no mundo."

"O ato de escutar (...), uma das primeiras posturas pedagógicas que trabalho com o educador no seu processo de formação."

“Se quisermos escutar o que o outro tem a dizer, temos de estar com nosso corpo "vazio" para poder recebê-lo e, dessa forma, ser depositário da sua fala. "Corpo cheio" é corpo sem espaço para o outro; o outro sobra, está a mais."

"Portanto, para que nossa intervenção crie forma no corpo do educando, é preciso que exista um saber não só sobre sua história de vida, como também sobre seu aqui-e-agora que está a viver. É preciso que exista um estar com o outro."

"Sem escuta não existe diálogo. O diálogo requer troca, requer espaço interno, curiosidade amorosa e disponibilidade para o outro. Não sei bem porque, no entanto sempre associo um corpo dialógico a um corpo generoso e com mobilidade."

"A escuta é tão importante quanto à fala, porque ambas, quando bem equilibradas, possibilitam o aprendizado do silêncio.(...) Sem a experiência do silêncio, fica difícil percebermos a importância e a necessidade do momento da fala quando estamos educando."

"Brincando comigo mesma, acho que o gostoso mesmo seria se pudéssemos juntar esses dois impérios, o da fala e dos sentidos, para possibilitar, a todos a quem queremos educar, a delícia do aprender a falar e do aprender a expressar seu sentir."

Fichamento O Movimento que recria o mundo

O MOVIMENTO QUE RECRIA O MUNDO: UM COLÓQUIO PEDAGÓGICO-MUSICAL ENTRE O LABAN E KOELLREUTTER

Sonia Silva

"A vida é movimento, tal qual a conhecemos. No gesto do bailarino, do músico, ou ainda no cotidiano do homem comum, o movimento, resgatado de sua obscuridade, representa não só um fato físico, mas também um complexo de variadas expressões mutantes."

"Entrei em contato com a natureza do sistema do movimento criado por Laban (1978) que tem dupla função: libertadora e reintegradora. Ao isolar o gesto, codificá-lo, ele resgata o indivíduo dos automatismos e da massificação. Lança-o na consciência de si mesmo, mediante o movimento."

"A Revisão da historicidade, à luz da percepção humana que Koellreutter preconiza, também visa libertar- o sujeito, a história da música- do isolamento que a tirania do linear sucessivo impõe à ordem das coisas. Se é que esta já existiu..."

Teoria da Evolução da Consciência segundo H.J. Koellreuter

“(...) se olharmos para o passado, descobriremos quatro níveis de conscientização que marcam toda a vida cultural e todas as artes”:

"1. No período mágico, o homem começa a sonhar, a confrontar o mundo, sentindo que há duas realidades dinâmicas: ele e a natureza. (...) A música parece surgir por acaso e não termina. Ela é interrompida. É polidirecional e monodimensional. Exemplo desse período: música dos pigmeus."

"2. Na fase pré-racionalista,(...) inicia-se a preocupação com o tempo e o espaço.(...) A música tem a função de comunicar-se com Deus e portanto restabelecer esse Todo.(...) Exemplo desse período: canto gregoriano."

"3. O período racionalista (...) A melodia é um elemento musical definido que ainda não existia na fase pré-racionalista, quando existiam apenas linhas melódicas. A harmonia surge como uma conscientização das leis da física.(...) Exemplos desse período Bach e Beethoven."

"4. O século XX representa a consciência integradora. Valendo-se das descobertas da física quântica, a relação tempo-espaço transformou-se totalmente não só na área das ciências exatas, como também na expressão artística humana."

Teoria sobre análise do movimento segundo Rudolf Laban (1978)

"Laban acreditava que cada ser carrega consigo uma bagagem física, cultural e social que o caracteriza a ponto de podermos traçar um perfil de sua personalidade por meio de sua movimentação corporal."

"Nosso corpo é reflexo daquilo que pensamos ou pensamos aquilo que nosso corpo nos sugere?"

Tempo

“Nossa apreensão do tempo está ligada à nossa vida psicológica. A experiência do tempo é essencialmente íntima."

Fluência

“O uso da fluência livre propicia movimentos para fora, ao passo que o uso da fluência controlada tende a propiciar movimentos para dentro.”

"A audição não se dá por partes isoladas, mas pelas relações entre as ocorrências sonoras."


"A importância dessa nova consciência do tempo é fundamental dentro de uma pedagogia preocupada com o ensino que dá ênfase às relações."

Espaço

“Ao analisarmos o fator Espaço, estaremos nos referindo, em consciência corporal, à estica-dobra."

"Brincadeiras sonoras e corporais criadas com glissando e ondulações melódicas, por exemplo, podem sugerir a expressão de diferentes emoções manifestas por movimentos periféricos ou não."

Peso

“A consciência do fator Peso libera atitudes de toque firme e leve, alternando a habilidade e a vitalidade de executar força ou delicadeza que ultrapassem a passividade, A expressão sonora que descreve esse estado de tensão sensitiva manipula o parâmetro Intensidade do som, ao passo que as atitudes corporais se concentram na intensidade da musculatura."

Afinidades temporais e espaciais entre o movimento corporal e o movimento sonoro

“O gesto musical assim como o gesto corporal dependem da força propulsora do movimento que é energia mental, emocional e física. Ambos manipulam o tempo, interagindo sucessivamente com alterações de Lento- Súbito- Sustentado- Curto-Longo."

A fluência do Movimento

"O fraseado musical resulta da seqüência de tons alterados, com variações e acentuação, no andamento e na intensidade. As frases corporais e musicais surgem do ser humano progressivamente, assim como surge, aos poucos, na vida, o domínio da Linguagem oral."

“O som existe no tempo, projetado no espaço por uma energia que lhe dá uma determinada dinâmica. O trabalho com o gesto na educação musical propõe fazer sentir essa noção de som em movimento no tempo."

“Ora o som reproduz o movimento corporal, ora o corpo movimenta-se pelo som. A partir daí tanto o movimento como som são passíveis de serem transformados em escrita."

"Estou convicta de que essa proposta de integração da linguagem musical e corporal contribui para a formação de indivíduos mais conscientes de um mundo em contínua transformação e mais preparados para atuar, com equilíbrio, nele."

“O trabalho educativo deve ser uma proposta dinâmica, organicamente criativa, pois acredito na ampliação de uma percepção consciente como uma das experiências fundamentais, eu diria até vitais, para o processo do desenvolvimento humano."

"(...) devemos estar atentos na busca de um novo paradigma para a educação, que seja capaz de conciliar o que está acontecendo no mundo da ciência com a necessidade da construção e reconstrução do homem e de seu mundo interior."

Como eu percebo meu corpo durante minha prática musical

A minha prática musical por essência é muito corpórea pela técnica utilizada no canto: a utilização da respiração, do diafragma, dos músculos intercostais, o apoio dos músculos do abdômen, do esfíncter, além do controle fino da laringe e suas partes que exigem uma consciência corporal fina como a glote, a epiglote e a musculatura externa do pescoço, boca e língua que não podem estar tensas, mas precisam trabalhar. Ainda têm a utilização da audição e do cérebro.

Na respiração tenho que sentir a quantidade exata de ar e controlá-la através das necessidades de cada nota ou frase musical. Para o aumento da minha capacidade respiratória, o controle é feito pelo diafragma e músculos intercostais com seu relaxamento propiciando a ampliação do pulmão. O apoio dos músculos do abdômen transverso, reto e oblíquo interno, principalmente, são responsáveis pela saída do ar, através de seu tensionamento.

Através do esfíncter, uma utilização consciente da próstata como apoio, pode ocasionar um alongamento das notas muito superior e sem demonstrar que o ar está no término.

O controle da laringe é o crucial em todo esse processo da prática, pois é o que determina a beleza, a saúde e longevidade da minha voz. A laringe deve estar principalmente com a glote relaxada, propiciando uma fonação sem tensões desnecessárias, já a epiglote, juntamente com a úvula, devem estar elevadas aumentando o canal de passagem do ar dando volume, potência e massageando toda a laringe com o ar enquanto canto.

A musculatura externa do meu pescoço não deve ser tensionada, mas deve relaxar principalmente o esternocleidomastóideo e o trapézio, grande responsável pelo tensionamento da voz, a boca grande responsável pela articulação deve estar relaxada e disponível para mobilidades grandes ou pequenas, trazendo uma compreensão das palavras, com a mandíbula relaxada, língua deve estar fortificada, mas de maneira alguma dura, trazendo um grande trabalho dos músculos supra-hióideos.

A minha audição deve estar disponível e atenta à toda mudança, pensando em conjunto com o instrumento, ou à capela conectada comigo. O cérebro é o grande responsável por todo este processo e deve, além disso, estar atento ao ritmo e à afinação.

Além desta parte fisiológica minha prática exige que o corpo esteja em sintonia com o sentimento da música ou qualquer outro fator que o intérprete quer passar para o público.

Acredito que o corpo é utilizado por completo em minha prática musical e precisa estar em perfeito equilíbrio para que esta funcione de maneira competente e estética.

Modern dance Laban notation

Laban preparação

Dinâmicas, Ações

Dinâmicas

Peso tempo

Firme prolongado

Leve repentino

Espaço direto ou indireto

Ações do esforço

LEVE- LENTO- INDIRETO- FLUTUAR

LEVE- LENTO- DIRETO- DESLIZAR

LEVE- RÁPIDO- DIRETO- PONTUAR

LEVE- RÁPIDO- INDIRETO- CHACOALHAR/BRILHAR

FIRME- RÁPIDO- INDIRETO­ - CHICOTEAR

FIRME- RÁPIDO- DIRETO- SOCAR

FIRME- LENTO DIRETO- PRESSIONAR

FIRME-LENTO- INDIRETO- TORCER


Como identificar essas diferentes dinâmicas nas músicas?

Músicas que flutuam ou socam?

Através de todos seus sentidos, deixando o corpo se movimentar e buscar essa ação!


Coreologia



Coreologia?

A Coreologia é a ciência ou lógica da dança.

“ A coreologia busca uma abordagem unificada do estudo da dança, propondo que prática e teoria não devem estar separadas e que o conhecimento coreológico combina pensamento e sentimento juntos ao fazer da dança.”

Fonte Dicionário Laban

Cinesfera ou Kinesfera



Video de explorações usando a cinesfera, conceito de Rudolf Laban

Cinesfera ou kinesfera

Kinesfera

Uma espécie de esfera que delimita o espaço pessoal, no entorno do corpo, cercando-o em movimento ou não.

“É delimitada espacialmente pelo alcance dos membros e outras partes do corpo do agente quando se esticam a partir do centro do corpo, em qualquer direção, a partir de um ponto de apoio”

”A cinesfera também é um espaço psicológico, a partir do qual toda a expressividade guarda coerência. O movimento mais integrado e complexo surge a partir da cinesfera-icosaedro, enquanto o movimento mais primitivo e simples surge a partir da cinesfera-tetraedro”

“ A cinesfera externa tem relação com a pele e é elástica como a pele é. A capacidade de elasticidade da cinesfera permite ao agente interagir com o espaço e outras cinesferas.”

Fonte Dicionário Laban

Trabalho Escher

Trabalho escher

Depois de organizadas diferentes idéias e assuntos para essa análise crítica, não nos julgamos aptos a analisar criticamente a teoria de Piaget de maneira mas ampla, então, decidimos por ampliar o trabalho, buscar outras fontes, A obra deste artista e parte da teoria desse pensador possuem alguns pontos que podem ser relacionados como; a multidimensionalidade, Etapas (estágios), interação social e formação de raciocínio.

Na observação à obra é o possível relacionar Piaget à Escher por formar ou estimular um raciocínio para Piaget é a primeira tarefa da educação, não ser uma formação mas sim uma condição formadora, o desejo é pela estimulação da pesquisa e esforço ao invés da transmissão de soluções, para a criação da sua linguagem antes de impor outra, levando-a a reinventar aquilo ao invés de limitá-la. Estreita união do ensino e da pesquisa, o mesmo ocorre na obra de Escher que não pode ser compreendida sem quebrar padrões e regras da gravidade e das dimensões ativando o pensamento lógico.
a obra “Relatividade” também possui esse aspecto multidisciplinar por possuir pontos de fuga distintos, realidades simultâneas, com significações ou caminhos diferentes, que transformam essa realidade ou dimensão em todas as coisas ao seu redor, o que para uma realidade é o teto para a outra é uma parede,etc. Demonstra mundos diferentes e únicos sendo percorridos simultaneamente, dialoga a arte e a geometria de maneira interdisciplinar como Piaget com a possibilidade de múltiplas combinações demonstrando que a didática não envolve somente as questões de cada ramo ou seção do ensino científico e sim questões gerais.

Podemos também ver em sua obra diversas menções a diferentes áreas, caminhos, do ser humano, como trabalho( demonstrado pela figura com a bandeja e a bebida, carregando uma espécie de balde e em outra aonde carrega um saco), o pensamento (aonde a figura lê um livro sentado) também o romantismo (com os casais tanto do lada esquerdo em cima quanto do lado direito mais embaixo) Demonstrando em alguns lugares nenhuma interação social e em outros sim. Para Piaget o individuo fornece esboços á serem desenvolvidos ou destruídos pelas interações sociais ou educativas A diferença essencial entre as sociedades humanas e animais é que as condições sociais dos homens não vêem determinadas e sim são transmitidas no exterior de geração a geração.

As Escadas e ambientes de Escher trazem caminhos ou estágios etapas diversificadas, mas que podem ser relacionadas como os estágios de Piaget pontos de vista das operações intelectuais, somente sem colocar o problema de generalização, cortes que é necessário primeiramente a ordem de sucessão das aquisições seja constante contando com uma cronologia, que é variável, depende da experiência anterior do indivíduo e não somente da sua maturação. E o meio social que para acelerar ou retardar de um estágio. Ou mesmo impedem sua manifestação. As sucessões de conduta são constantes não aparecem antes das outras num certo número de indivíduos. Estrutura de conjunto essa noção toma um sentido preciso no domínio da inteligência, a criança atinge tal estrutura, que ela é capaz de uma multiplicidade de operações distintas. Esta é a vantagem da noção de estruturas ,quando são complexas, permitem realizar uma estrutura de conjunto.


Bibliografia:

Problémes de Psychologie Genétique, Paris Demóél, 1972
Tradução de Célia E. A. Dipiero-Problemas da Psicologia genética
Capítulo-Os estágios do desenvolvimento intelectual da crianças e adolescentes

Jean Paget- Para onde vai a educação? 10 edição
Capítulo: Toda pessoa tem direito a educação: página 29 a 35
como papel do ensino escolar, o significado do método ativo, a utilização de conhecimentos psicológicos adquiridos e o caráter interdisciplinar

fichamento pra onde vai a educação?

Ou va l´éducation? Piaget, Jean, 1896,
Para onde vai a educação? Tradução de Ivette Braga, 1974-
páginas 15 à 29

Hoje há poucos professores com vocação cientifica em relação ao número de estudantes. A didática não envolve somente as questões de cada ramo ou seção do ensino científico e sim questões gerais, como papel do ensino escolar, o significado do método ativo, a utilização de conhecimentos psicológicos adquiridos e o caráter interdisciplinar.

- O método ativo :pesquisa espontânea da criança ou adolescente, é uma verdade adquirida seja reinventando ou reconstruindo para não somente transmitir. O desejo é pela estimulação da pesquisa e esforço ao invés da transmissão de soluções, para a criação da sua linguagem antes de impor outra, levando-a a reinventar aquilo ao invés de limitá-la. Estreita união do ensino e da pesquisa, sob pena de nada compreender da Ciência já estabelecida.
-Conhecimentos psicológicos: A vantagem da aceleração dos estágios do desenvolvimento, toda educação é uma aceleração, mas até aonde é proveitosa impormos a velocidade ideal. A valorização do corpo docente e a preparação universitária completa dos professores são necessárias para a formação psicológica satisfatória dos futuros mestres do primário e secundário.
-Papel do ensino escolar: Em oposição ao fracionamento, conformismo que não conseguirmos atuar bem em determinadas áreas, tem que cessar. Um exercício feito nos mostrou que quando exercitamos o jovem, não menos ou mais inteligentes, há falta de interesse e não conformismo de aptidões é necessário uma mudança de caminhos.
A observação é um exercício de grande utilidade, não pode ser negligenciada.
No nível pré-escolar as conclusões são incompletas, mas por muitas vezes, já são deformadas pelos ideais pré-concebidos dos indivíduos.
- Interdisciplinaridade: primeira lição a ser extraída dessa tendência interdisciplinar é a necessidade de uma revisão da relação entre as ciências ditas humanas das naturais. A evolução se dará da livre transferência de uma seção para a outra com possibilidades de múltiplas combinações. Pesquisar grupos definidos, por representantes de especialidades complementares que trabalham em constante relação e não por um único professor


Conclusão:

Os mestres têm que estar imbuídos do espírito espitemológico bastante amplo afim de sem negligenciar sua especialidade, possa o estudante perceber de forma continuada, as conexões com o conjunto de ciências.

Uma breve análise crítica da teoria de Jean Piaget, baseada na observação da obra “Relatividade” de M.C. Escher

por
André Vincentin
Diogo Monsores Vieira
Carolina Lopes de Oliveira e
Paulo Tercio Galati


Comparações

a concepção de que devemos observar (algo) guiados pela multiplicidade envolvida e não com uma expectativa eminentemente pronta
Para Piaget é necessário propor um olhar diferenciado e múltiplo para as coisas, sendo este sugerido como uma espécie de exercício para as interpretações cotidianas e reflexão da realidade.
Também para observar a obra de Escher é preciso cultivar a predisposição de ver várias perspectivas e tornar a mente disposta a articular essas visões para conseguir relacioná-las
estimular um raciocínio condiz com uma condição transformadora por meio de inevitável pesquisa, levando a reinventá-la
Para Piaget a tarefa principal da educação é estimular o raciocínio, não ser apenas uma formação, mas sim uma condição formadora, ligada estreitamente à pesquisa. Ao invés da criança apenas copiar o conteúdo apresentado, ela deve ser levada a reinventá-lo.
Na obra de Escher, a quebra dos padrões e regras da gravidade e das dimensões, instiga uma visão crítica e o raciocínio lógico, além disto, leva o observador da obra a reinventá-la a cada mudança de perspectiva no olhar. Mundos diferentes e únicos sendo percorridos simultaneamente nos são apresentados na obra, que dialoga a arte e a geometria de maneira interdisciplinar assim como Piaget, com a possibilidade de múltiplas combinações entre as várias áreas do conhecimento, pensando o ensino como uma questão geral, como um todo relacionado.
um movimento cíclico que nem sempre faz sentido
No desenho acima, as pessoas que caminham pelas escadas parecem ser a mesma pessoa, parece um registro dos vários momentos de um dia ou de um mesmo fazer. E todos os caminhos têm uma porta, um fim que se abre para outro lugar que aqui não é visto inteiramente. Em Piaget o movimento de desenvolvimento da mente humana é determinado por etapas, passando por processos que à primeira vista podem ser vistos como movimentos cíclicos sem sentido, mas que na realidade são vivências nas quais juntam-se informações e experiências que alteram seus esquemas*, em processos de assimilação e acomodação até que reequilibra, alcançando outros patamares. Podemos comparar ainda Escher ao pensamento multidisciplinar de Piaget sob o ponto de vista da complexidade do sistema de conjunto e dos vários ângulos e possibilidades de observação, experimentação e oposição ao fracionamento, uma vez que a estrutura apresentada na obra é cíclica.
*esquema: ações básicas de conhecimento, incluindo ações físicas/motoras, sensoriais e mentais.
brincar com as nossas certezas estabelecidas
É o que Escher sempre gostava de fazer. Parece que brinca com o que Piaget chama de equilíbrio, que é baseado em uma série de esquemas que permitem organizar o caos inicial de sensações. De fato, ao olhar para o quadro “relatividade” nos vemos obrigados a refazer constantemente a noção de equilíbrio para reorganizar nosso entendimento sobre ele.
Apreciação
Piaget tem uma visão múltipla para criar um método de observação, mas (pela norma da ciência) estabelece uma teoria fechada que, entre outras coisas, definiu etapas associadas às idades que ele constatou em suas experiências.
Mas talvez essa não seja o maior motivo das críticas que se faz a ele atualmente.
Alguns estudos indicam que o desenvolvimento cognitivo é favorecido pelas interações sociais, mas parece que o próprio Piaget, ao menos no final da vida, suspeitava desse fato.
Outro fato é que, fora dos padrões europeus e de sua época, as crianças são muito mais estimuladas e interagem mais com os adultos, aprendendo mais cedo do que ele apontava, sobre sentimentos e as reações dos outros. Isso nos parece indicar que idade estabelecida por ele entre as etapas devem ser encaradas como barreiras móveis, absolutamente permeáveis, não invalidando o mais importante de suas pesquisas que foi o fato de estabelecer a existência dessas etapas.
Outra observação é que a imitação ocupa um lugar bastante importante para o desenvolvimento cognitivo. Pode-se dizer que a recriação acontece aí, após este processo, quando a criança provida de recursos vindos de diferentes fontes recria o conhecimento adquirido. Nisso se dá também o poder transformador do meio.

Conclusão
Como educadores devemos ver os alunos e as situações vividas em sala de aula, assim como enxergar a teoria de Piaget com o olhar proposto por Escher em sua obra. Um olhar relativo, que vê um prisma de possibilidades e procura enxergar cada aluno sob vários ângulos, com realidades distintas ainda que fazendo parte do todo de um conjunto.


Análise crítica dos textos: “O Fora”, “Sala de Aula”, “Aprender” e “A Psicologia e o mestre”.

Diogo, Gracieli, Jéssica e Rafael


Pontos interessantes encontrados nos textos:
“ O Fora” de Monica Cristina Mussi
“Fora da sala de aula. Fora!”
“Dentro e fora das salas de aulas, aprende-se muito bem a separar o joio do trigo-para não fazer o pão. Ali mesmo onde, na superfície das paredes, as vidas exigem multiplicidades, ..”
“Entre dentro e fora, quanta selvageria repetitiva!”
“Entre o dentro e o fora determinado, corre o galope o caos, um fora não exterior e um dentro não interior”
“É então que, no fora de dentro da sala de aula, alguém pela fresta da janela suja do corredor é tocado pelo vento que faz tremeluzir folhas na árvore.”

“Sala de Aula” deJulioGroppa Aquino
“Não é lugar, mas ocasião. E nem sempre é bom..”
“Mas, se alguém por ventura dele se cansar, eis que vira outra coisa, por exemplo, telefone sem fio”
“Não é palco, passarela, divã, balcão. Ali não se quer expressão, jamais comunicação, migalhas do dito, voragem do dizer. Ou quase.É conversa fiada perdigoto, vociferaço, patatipatata.”
“Não é indumentária de Salomão. É trapo, pano de chão. È roxinol que canta com espinho cravado no peito.”
“Maravilha de quinta categoria, de terceiro escalão.”
“ Em tempo: não é amor, não é ódio. È blefe trapaça e lassidão. E é mais que bom.”
“É fumaça, enfim. E também, quase sempre, solidão.”

“Aprender” de LuisFuganti
“Aprender não é operação simples. É um processo complexo, geralmente submetido a padrões e, por isso, frequentemente experimentado como um acontecimento frustrante e até mortal. Todo nosso procedimento educacional traz uma espécie de desgosto sutilmente dosado em cada etapa do processo de aprendizado, uma vez que o ensino dominante em nossas formações sociais não visa um aprendizado potencializador das forças ativas imanentes aos modos criativos de vida. Ao contrário, é parte integrante dos mecanismos que operam a serviço de poderes de captura de vida, impondo um aprendizado baseado na inoculação de uma insuficiência de ser.”
“Toda experimentação (...) implica um meio de transpor ou lançar-se fora de sí, (...) estabelecendo um ritmo capaz de aprender o que pode atravessar a fronteira e amplificar o ser.”

“A psicologia e o mestre” capítulo XIX do livro psicologia pedagógica de Vigotsky
“Do professor que fica sentado à sua escrivaninha pode-se dizer o mesmo que se diz do sacerdote no púpito sem fé no coração, ele está condenado.”
“Quando o entusiasmo toca a alma tudo se torna vivo e inspirado”
“O trabalho docente tornou-se espaço para onde se canaliza tudo o que há de inadaptado, mal sucedido e fracassado em todos os campos da vida.”
“Se o professor quiser ser um pedagogo cientificamente instruído deve ter um embasamento cultural muito vasto.”
“Em cada sala de aula haverá janelas, um professor de verdade irá olhar de sua escrivaninha para o vasto mundo, para as inquietações humanas, as alegrias e obrigações da vida (...) E na escola do futuro essas janelas estarão abertas da forma mais escancarada, o professor não só irá olhar mas participará ativamente das obrigações da vida.”
“Só um estado de incômodo social provoca mudança no aparelho psíquico. O bem estar absoluto o mergulharia em um sono profundo.”
“O criador é sempre da espécie dos descontentes”
“O educador racional nunca educa”
“Está claro para qualquer um que quanto mais forte é o incômodo que dá o primeiro impulso ao movimento da alma tanto mais forte é o próprio movimento, que a educação e a criação são sempre trágicas porque partem do incômodo e do mal-estar, da desarmonia.”
“Quanto mais nos sentimos adaptados e confortáveis na vida tanto menos nos resta espírito criador e mais dificilmente nos prestamos à educação.”
“Até hoje o aluno tem permanecido nos ombros do professor. Tem visto tudo com os olhos dele e julgado tudo com a mente dele. Já é hora de colocar o aluno sobre as suas próprias pernas.”
“Até hoje existe infelizmente a convicção de que o processo educativo, por expressar na relação entre o professor e o aluno, na parte mais importante esgota-se na imitação.”
“Não se trata apenas de educação, mas de refundição do homem.”

Analisando os textos de Mônica Mussi e JulioGroppa é possível encontrar uma crítica muito forte ás questões físicas e estruturais da escola, partindo da própria concepção de sala de aula. O espaço da sala de aula que seria o local de expressão, comunicação, crescimento, virou na verdade o espaço de aprisionamento do ser humano. O aluno não aprende mais nada trancado em uma sala de aula que se recusa a fazer parte do mundo exterior, surge o desgosto por este espaço, a solidão, o repúdio, o descontentamento. Surge a vontade incessante de “sair desta prisão”, nem que seja para passear no pátio e no corredor e ver o mundo que o cerca, e fazer parte deste mundo, sentir o vento e a brisa...
No texto de Vigotsky também é possível encontrar esta crítica ás questões estruturais da escola, á própria sala de aula, como podemos ver neste trecho:
“Em cada sala de aula haverá janelas, um professor de verdade irá olhar de sua escrivaninha para o vasto mundo, para as inquietações humanas, as alegrias e obrigações da vida (...) E na escola do futuro essas janelas estarão abertas da forma mais escancarada, o professor não só irá olhar mas participará ativamente das obrigações da vida.”
Além de questionar o espaço físico da sala de aula também é questionado o próprio professor, que se recusa a ver o mundo e a desenvolver em seus alunos conhecimentos significativos para sua vida. Muitos professores estão cegos, não vêem o mundo que os cerca, não participam ativamente deste mundo, estão tão encrustados em um sistema falido de educação que nem sabem mais qual é o seu papel e para que está lá.
“Quanto mais nos sentimos adaptados e confortáveis na vida tanto menos nos resta espírito criador e mais dificilmente nos prestamos à educação.”
Em relação ao sistema educacional Fuganti diz que, por ser submetido a padrões torna-se um processo extremamente frustrante, atualmente, principalmente nas escolas estaduais, o professor perdeu totalmente sua autonomia, ele é obrigado a seguir planejamentos que vem de superiores e estão prontos, em sua maioria totalmente distantes da realidade escolar, são cobradas metas em relação á conteúdos e melhoria e notas, se valoriza apenas os indicativos “numéricos” e não qualitativos. A educação se distancia cada vez mais da vida.
“Todo nosso procedimento educacional traz uma espécie de desgosto sutilmente dosado em cada etapa do processo de aprendizado, uma vez que o ensino dominante em nossas formações sociais não visa um aprendizado potencializador das forças ativas imanentes aos modos criativos de vida. Ao contrário, é parte integrante dos mecanismos que operam a serviço de poderes de captura de vida, impondo um aprendizado baseado na inoculação de uma insuficiência de ser.”
Vigotsky em seu texto “ A Psicologia e o mestre” diz que “Quando o entusiasmo toca a alma tudo se torna vivo e inspirado” cobra do professor que este tenha sempre entusiasmos, nunca se acomode, nunca se contente com as coisas como estão, seja sempre criativo. Sabemos que são questões primordiais estas, mas cobrar do professor que ele seja a salvação de um sistema totalmente falido é um tanto quanto impossível. O professor precisa mudar? Sim! Mas não podemos esquecer que ele é sujeito á normas, padrões, regras, que ele utiliza o espaço físico, os materiais e a estrutura escolar que lhe é fornecida, enquanto todo este sistema não mudar, apenas o passo do professor não será suficiente.
“Só um estado de incômodo social provoca mudança no aparelho psíquico. O bem estar absoluto o mergulharia em um sono profundo.”
“Não se trata apenas de educação, mas de refundição do homem.”
Pensando nestas questões é interessante analisar a fala da professora Amanda Gurgel em uma audiência pública no Rio Grande do Norte sobre a educação:
“Estão me colocando dentro da sala de aula com um giz e um quadro pra salvar o Brasil, é isso? (...) sou eu a redentora do país? Não posso, não tenho condições! Muito menos com o salário que eu recebo!”
A seguir segue o registro da fala inconformada desta professora:
A professora Amanda Gurgel desabafa diante de deputados em audiência pública no RN realizada no dia 10 de maio, demonstrando a situação precária da educação no Brasil. Seguem algumas de suas falas retiradas do vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=gQVSksDyED0
“São tantas as angústias do dia-a-dia de quem está em sala de aula, de quem está em escola que eu queria pelo menos sintetizar minimamente essas angústias(...)como as pessoas colocam sempre muitos números e como os números são irrefutáveis, eu gostaria também de apresentar um número pra iniciar a minha fala, que é um número composto por três algarismos apenas (...)que é o número do meu salário, um 9, um 3 e um 0, meu salário base, 930 reais. E aí eu gostaria de fazer uma pergunta á todos e todas que estão aqui, sem nível superior com especialização, se vocês conseguiriam (...) sobreviver ou manter o padrão de vida que vocês mantém com este salário”
“Só quem está em sala de aula, só quem está pegando três ônibus por dia para poder chegar ao seu local de trabalho, (...) é que pode falar com propriedade sobre isso(...) fora isso, qualquer consideração que seja feita aqui é apenas para mascarar uma verdade que é uma verdade visível a todo mundo, que é o fato de que, em nenhum governo, em nenhum momento que nós tivemos em nosso estado, em nossa cidade, em nosso país, a educação foi uma prioridade”
“Me preocupa muitíssimo a fala da maioria aqui (...) que é: -Não vamos falar da situação precária porque isso todo mundo já sabe. Como assim não vamos falar da situação precária? Gente, estamos banalizando isso aí, estamos aceitando a condição precária da educação como uma fatalidade? Estão me colocando dentro da sala de aula com um giz e um quadro pra salvar o Brasil, é isso?”
“Salas de aula superlotadas, com os alunos entrando a cada momento com uma carteira na cabeça porque não tem carteiras nas salas, sou eu a redentora do país? Não posso, não tenho condições! Muito menos com o salário que eu recebo!
“A secretária disse ainda que nós não podemos ser imediatistas, ver apenas a condição imediata, precária, precisamos pensar a longo prazo, mas a minha necessidade de alimentação é imediata, a minha necessidade de transporte é imediata, a necessidade de Jéssica (aluna) de ter uma educação de qualidade é imediata! Eu gostaria de pedir aos senhores que se libertem desta concepção errônea, extremamente equivocada , isso eu digo com propriedade porque sou eu que estou lá, inclusive propriedade maior até do que os grandes estudiosos, que parem de associar qualidade de educação com professor dentro de sala de aula, parem de associar isso aí, porque não tem como você ter qualidade de educação com professores três horários em sala de aula, porque é assim que os professores multiplicam os R$930,00 (...) pra poder sobreviver.”
“Entra governo, sai governo, (...) e sempre o que solicitam da gente é paciência, é tolerância, e eu tenho colegas que estão aguardando pacientemente há 15 anos, há 20 anos, por uma promoção horizontal. Professores que morrem e não recebem uma promoção.(...) nós não aguentamos mais este discurso, o que nós queremos é objetividade,(..) pedimos ainda secretária respeito, pra que a senhora não vá mais á mídia pedindo flexibilidade, como se nós fossemos os responsáveis pelo caos, que na verdade só se apresenta pra sociedade quando nós estamos em greve, mas que está lá todos os dias, dentro da sala de aula, dentro da escola, em todos os lugares.”

Os problemas permanecem, as perguntas permanecem, e as soluções?

Pergunta

Perguntas feitas pela professora Enny que acredito servir para todos os portfólios!!

Qual o meu projeto de sociedade?
O meu projeto de sociedade é tão utópico, me parece tão longe, que é realmente difícil expressá-lo em sua totalidade, mas acredito em uma sociedade que não defina seus indivíduos por conceitos supérfluos, superficiais. Esses conceitos simplificadores como de cor, raça ou opções religiosas têm que ser eliminados e trocados por uma sociedade melhor com respeito às diferentes opiniões e realidades.

Como a música pode contribuir para realizá-lo?
Acredito que possa contribuir de muitas maneiras, pelas minhas próprias aulas, pelos seres humanos que pretendo tocar e mudar. Também por minhas composições que pretendo fundir cada vez mais todos os diferentes seres humanos, independente de suas diferenças sócio-culturais.

Brancarana-Diogo Tornili

Ninguém dita quem eu sou
Muito menos pra que lado eu vou
Ninguém diz com quem eu ando
Ninguém dita!... minha vida eu mando

Quem vai definir meu canto?
Quem vai definir a minha cor?

Ninguém dita em que Deus eu creio
Muito menos se sou belo ou feio
Há muito tempo sofro pela minha pele
Me arrancaram nome, história e até a minha fé

Quem vai enxugar meu pranto?
Quem vai redimir a minha dor?

Sou brancarana, sou mulato
Sou negro, amarelado, acastanhado
Eu sou brasileiro!

Ninguém dita minha aparência
Muito menos minha inteligência
Ninguém diz o que vou pensar
Muito menos o que vou falar

Quem vai definir meu canto?
Quem vai definir a minha cor?

Chega de bobagens eu quero mais
Quero um país inteiro de iguais
Há muito tempo sonho com essa igualdade
Miscelânea é a nossa realidade

http://www.vagalume.com.br/diogo-tornili/brancarana.html#ixzz1PqV7zQPx


Perguntas

Perguntas

- Onde pretendo chegar com minha proposta didática?
Espero um mundo melhor, onde meus alunos, através de conceitos técnicos e autocríticas reais, tenham independência para criar e se embebedar da música diariamente.

- Qual é meu projeto para a sociedade?
Desejo semear em meus alunos a transformação, para caminharmos para uma sociedade de igualdade de direitos e valorizações, para que assim tenham uma mutação a cada aula, caminhando para essa independência.

- Como a música pode contribuir para realizá-lo?
A música aumenta a sensibilidade, abre o espírito e no caso do meu instrumento, que é a voz, temos que trabalhar em conjunto com todas as partes do corpo, aumentando a consciência corpórea e criando indivíduos melhores em todos os sentidos.

- Quais são os valores que orientam minha prática?
Os valores que me orientam são os de cunho social e biológico, trabalhando a melhora da vida em geral dos meus alunos e de sua saúde.

-Para mim, o que é educar musicalmente?
Educar musicalmente é utilizar todos os conceitos que detenho, para possibilitar uma compreensão e assimilação da música em geral e seus menores nuances.

- Quais são os pontos fortes de minha personalidade criadora?
Acredito que através das aulas consigo contribuir para a vida dos alunos, não somente melhorando o seu cantar, mas também auxiliando em suas dificuldades diárias, nos problemas e travas criadas por alguém ou alguma situação, tentando contribuir para toda a sua consciência.

- Para quê ensinar música no contexto onde atuo?
Acredito que música se molda a qualquer contexto, onde atuo o para quê é explícito pois é uma escola de música.

- Ao final do processo que competências e habilidades o aluno deverá ter obtido?

O aluno deverá ter obtido as técnicas, conceitos e noções estéticas necessárias à sua prática musical.

- A fim de concretizar minhas intenções educacionais, o que deve ser ensinado?

Devo ensinar de maneira individual e personalizada a técnica italiana, além da afinação, colocação, apoio, respiração e todos os conceitos que possibilitam essa prática.

- Como tais princípios se transformam em princípios metodológicos para ação?
Através da subdivisão do período das aulas e assim podemos aprofundar de maneira vagarosa e proveitosa todos os princípios. Assim destrinchando todo o método.